Autor(es)
Prof. Alfredo Pereira Jr.
Data

Neste seminário, apresento avanços na pesquisa sobre auto-organização cerebral constante da Tarefa 3 de nosso Projeto Temático FAPESP, enfocando mecanismos de interação entre a rede neuronal e a rede astrocitária e o papel destas interações para a atividade mental inconsciente e consciente. Desde a década de 1990, houve formidável avanço no entendimento da fisiologia dos astrócitos, tipo de célula glial que sustenta e modula a atividade dos neurônios. Enquanto os neurônios têm como principal atividade fisiológica o potencial de ação elétrico (composto por fluxos de íons sódio e potássio através de sua membrana), que ativa processos bioquímicos/moleculares na fenda sináptica, os astrócitos apresentam ondas de cálcio internas, que perpassam a rede astrocitária (não há fenda sináptica entre os astrócitos) e controlam a concentração do potássio extracelular. Na sinapse tripartite (formada por dois neurônios e um astrócito), ocorrem interações auto-organizativas. Os neurônios recebem e processam informações do ambiente e do corpo, e controlam o comportamento, enquanto os astrócitos recebem sinais informacionais dos neurônios e do sangue, mas não controlam diretamente o comportamento. Neurônios ativam astrócitos, que por sua vez modulam (potencializam ou deprimem) a atividade dos neurônios. Qual seria o papel destas interações para a vida mental consciente e inconsciente das pessoas? Levanta-se a hipótese de que o processamento restrito à rede neuronal realizaria funções cognitivas inconscientes, enquanto as funções cognitivas conscientes seriam realizadas no domínio das interações neuro-astrocitárias, com base no componente afetivo (“feeling”) e valorativo instanciado na rede astrocitária.

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