Ivo A. Ibri (Centro de Estudos de Pragmatismo – PUCSP )
Neste ensaio pretendo partir da metáfora denominada por Peirce the bottomless lake of consciousness, onde ele desenvolve como as possibilidades heurísticas da mente se valem de uma espécie de mergulho, consciente ou inconsciente, no universo de signos disponíveis na interioridade humana, onde ela passiva ou ativamente encontra relações inéditas entre eles, caracterizando um processo de criatividade que se desenha por possibilidades inusitadas de combinações semióticas, a saber, de significações reais ou meramente imaginárias. Essa distinção entre realidade e ficção irá se nutrir de signos que são, de um lado, excitados por um contexto de realidade externo à mente e, de outro, de signos aptos a romper com tal contexto e retirar do real o que o extravasa e não cabe em linguagens de natureza lógica. Em ambos se poderia pensar, como se faz em alguns estudos sobre criatividade, em processos abdutivos, a saber, de modos de formulação de novas ideias, conforme propõe Peirce. Sob este foco, procurarei distinguir como uma eventual dupla face da Abdução ocorreria pela formação de teorias científicas, comprometidas com descrições de recortes de uma dada realidade, por um viés, e, por outro, pelas obras de arte, cujo tarefa se consuma em pensar mundos meramente possíveis.
Palavras-chave: Peirce, Metáfora do lago, Semiótica, Criatividade, Abdução
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