A Epistemologia de Claude Bernard
Sinopse
A Epistemologia de Claude Bernard (digital)
Verifique a disponibilidade para aquisição desse volume impresso >>aqui<<
“Apresentar Claude Bernard como um epistemólogo é a ideia principal desse livro que, por isso, difere radicalmente da totalidade dos trabalhos que conhecemos sobre esse autor. São sobretudo os historiadores da biologia e os filósofos que se ocupam do estudo do pensamento de Bernard, e para esses comentadores, em geral, ele é um fisiólogo ou um cientista que se aventurou também a emitir sua opinião sobre temas filosóficos polêmicos, aos quais foi conduzido por força de sua reflexão sobre a aplicação do método experimental nas ciências biológicas.
Estamos cientes, portanto, de que nosso trabalho é um tanto heterodoxo em face de uma certa tradição estabelecida na interpretação do pensamento de Claude Bernard. Entretanto, naquele que, sem dúvida, é o mais eminente historiador e filósofo da ciência que dele se ocupou, Georges Canguilhem, encontramos eco a essa nossa abordagem, quando ele diz, a respeito da introdução ao Estudo da Medicina Experimental de Bernard, que, para bem compreender suas discussões metodológicas da primeira parte dessa obra, é necessário ler primeiro sua terceira parte, que contém o relato das grandes descobertas de Claude Bernard em fisiologia experimental (cf. Canguilhem 1994, p. 168). É curioso que esta primeira parte da Introdução tenha tido diversas edições em separado, o que é sinal dessa tendência geral de não relacionar a obra científica com a obra filosófica de seu autor.
Um livro introdutório, como esse se propõe a ser, não é exatamente uma obra de fácil leitura, ou de exposição simplificada. Fomos obrigados a retomar sucintamente muitas discussões filosóficas extensas e complicadas, como aquela do próprio estatuto cognitivo da epistemologia, assim como os temas da demarcação, da unidade da ciência e do realismo científico. A estes problemas, que hoje estão na ordem do dia para os grandes epistemólogos, Bernard também deu sua contribuição, que julgamos de valor, e a nossa se limita a colocar isso em evidência. Esse objetivo nos obrigou a uma escolha do modo de apresentação das matérias, não apenas na sequência que lhes demos, mas também na documentação que apresentamos. Optamos por nos concentrar em comentários às obras do próprio Claude Bernard, e o caráter polêmico de muitos pontos nos obrigou a citá-lo longa e repetidamente. Também por isso podemos dizer, pois, que apresentamos uma introdução à leitura de seus textos.
Este trabalho resultou das pesquisas que realizamos como estágio de pós-doutorado, custeado pela CAPES, junto à Equipe REHSEIS (Recherches Epistémologiques et Historiques sur les Sciences Exactes et les Institutions Scientifiques), na Universidade Paris 7-Denis Diderot, durante o ano letivo 1994-1995, no quadro do Acordo CAPES-COFECUB 141/93 que, no Brasil, envolve a Universidade de São Paulo, a Universidade Estadual de Campinas e a Universidade Federal de Santa Catarina, a cujo Departamento de Filosofia pertencemos.”
Luiz Henrique de A. Dutra
VOLUME 33 – 2001
ISSN: 0103-3147
Primeira Edição, 2001
Índice para catálogo sistemático
- Ciência — Filosofia 501
- Biologia — Filosofia 574.01
OBS. Este livro procura apresentar Claude Bernard (1831-1878) como um epistemólogo, diferindo, portanto, da grande maioria dos trabalhos sobre esse autor. Contemporâneo de Pasteur e discípulo de Magendie, Bernard se insere na tradição científica francesa que remonta a Lavoisier e Laplace. Bernard é pai da fisiologia moderna e o responsável por algumas das principais noções desta disciplina, como as de meio interno e secreção interna. Sua influência sobre os destinos da fisiologia se estende ao século XX, através de seus discípulos, em especial Brown Séquard, no campo da endocrinologia.